O promotor Bruno Vagaes, de Ibiporã, foi afastado temporariamente do cargo pela Corregedoria Nacional do Ministério Público. O afastamento ocorre após ele descumprir, por 101 vezes, medidas protetivas que a ex-esposa tinha contra ele.
Conforme o Ministério Público do Paraná (MP-PR), a decisão de afastamento é de quarta-feira (5). O g1 procura a defesa do promotor.
A medida é cautelar e, conforme a Corregedoria, deve durar até "a conclusão definitiva dos procedimentos administrativos". O caso tramita sob sigilo.
A Corregedoria também definiu que os procedimentos administrativos disciplinares contra Bruno devem continuar em andamento no MP-PR.
Em nota, o MP-PR afirmou que aguarda resposta do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), desde 20 de junho, sobre o levantamento do sigilo às ações penais em curso contra o promotor.
Na segunda-feira (3), o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) tinha retirado de pauta a avaliação sobre a reclamação disciplinar que pesa contra Bruno.
Relembre:
- Ex-esposa denuncia promotor por descumprir medida protetiva 101 vezes
- CNMP adia julgamento de reclamação disciplinar contra promotor
Críticas
Em entrevista ao g1, a ex-companheira do promotor, a servidora pública Fernanda B., discordou da decisão da Corregedoria em manter no Ministério Público do Paraná as investigações internas contra Vagaes.
"Não vejo com bons olhos a continuidade dos procedimentos administrativos pelo MP-PR, por autoridades que já demonstraram grande omissão e descaso anteriormente no decorrer dos últimos anos".
Em nota, a defesa dela informou que "já pontuou diversas vezes que o procedimento no CNMP trata-se de pleito de uma vítima de violência doméstica e familiar, em que se busca a intervenção daquele Conselho com o fito de cessar o cenário de violência de gênero perpetrada pelo Ministério Público do Paraná".
Conforme a defesa, Fernanda foi ouvida em oito oportunidades, "nas quais ressaltou a violência perpetrada, sendo em algumas delas questionada inúmeras vezes sobre os mesmos fatos ocorridos. Assim, a continuidade dos procedimentos pelo CNMP mostra-se como o meio mais adequado de prevenir novas revitimizações".
A denúncia da ex-esposa
A servidora pública lembra que o episódio de violência que a levou a procurar ajuda aconteceu na volta de uma festa de aniversário. Na ocasião, o então marido tocou as partes íntimas dela, sem consentimento, enquanto ela dirigia. No carro, também estavam a filha deles, na época com 2 anos, e um amigo do acusado.
Pelo crime, ele foi condenado a três anos de prisão por importunação sexual. O promotor recorreu.
Fernanda contou, também, que teve a primeira medida protetiva concedida em dezembro de 2019, quando o casal ainda estava junto. Na ocasião, o documento determinou que Vagaes se afastasse da casa onde moravam. (Fonte:G1)