Segundo os dados, vivemos em 90,6 milhões de domicílios, mas nos últimos 12 anos o país teve a menor taxa de crescimento populacional da sua história —os dados oficiais começam a ser contados a partir de 1872.
O Censo 2022 foi feito com dois anos de atraso e levou 10 meses de coletas em campo. A pandemia e o corte de verbas no governo Bolsonaro foram apontados como os responsáveis pela demora.
O que o Censo revelou
A população cresceu em 12,3 milhões de pessoas em comparação a 2010, quando foi realizado o último censo. Na época, eram 190,7 milhões de habitantes, e agora chegamos a 203 milhões; uma alta de 6,4%.
Porém, o dado divulgado hoje "reduz" a população do país, estimada anualmente pelo órgão. A projeção atual do IBGE é de que haveria 213,3 milhões de habitantes no país em 2021; também menor que o dado parcial do Censo divulgado no final do ano passado, de 207 milhões de moradores —a divulgação antecipada, por sinal, foi alvo de críticas. (Entenda o porquê da diferença).
Já em domicílios, a alta foi bem maior: em 2010 eram 67,5 milhões e agora são 90,6 milhões, ou 34% a mais: um ritmo de crescimento cinco vezes maior que o da população.
Com mais domicílios, caiu o número médio de moradores por residência: são agora 2,79 em média; há 13 anos, esse número era de 3,31.
O Censo revelou que, nos últimos 12 anos, a taxa de crescimento populacional foi de 0,52% ao ano. Foi a menor já registrada desde que temos dados oficiais sobre o tema, a partir de 1872.
Hoje saíram apenas dados referentes à população e domicílios. Resultados mais detalhados serão divulgados em publicações específicas por área em breve.
Os demógrafos vão avaliar, por exemplo, qual o impacto da pandemia de covid-19 nesse baixo crescimento.
Tivemos diversos problemas. Primeiro, o corte de orçamento; depois, um período pandêmico, e por isso pegamos um país diferente. Foi difícil contratar recenseadores. Mas estamos entregando o censo do Brasil. Nunca havíamos entregue um resultado definitivo tão rápido como agora."Cimar Azeredo Pereira, presidente do IBGE.
São Paulo, maiores números
Em termos de moradores, São Paulo segue sendo o estado mais populoso com 44 milhões de moradores; e Roraima, o menos populoso, com seus 636 mil habitantes.
A região Sudeste segue como o maior número de moradores brasileiros (84,8 milhões de habitantes), com 41,8%, enquanto 8% moram no Centro-Oeste.
Já entre as cidades, a capital paulista também lidera em população, com 11,4 milhões de pessoas.
Quando analisadas as maiores variações entre 2010 e 2022, Manaus chama atenção por ter sido a cidade que mais ganhou moradores nos últimos 12 anos em números absolutos, saltando de 1,8 milhão para 2 milhões de moradores.
Já Salvador teve a maior queda de população entre esses anos, caindo de 2,67 milhões para 2,41 milhões de moradores. Com isso, a metrópole mais populosa do Nordeste passou a ser Fortaleza, que passou a ser a 4ª mais populosa do país.
Entre os dez municípios mais populosos do país, cinco perderam população entre 2010 e 2022.
As cidades mais populosas do país:
São Paulo - 11.451.245 (1,8% a mais que em 2010)
Rio de Janeiro - 6.211.423 (-1,7%)
Brasília - 2.817.068 (+9,6%)
Fortaleza - 2.428.678 (-1,0%)
Salvador - 2.418.005 (-9,6%)
Belo Horizonte - 2.315.560 (-2,5%)
Manaus - 2.063.547 (+14,5)
Curitiba - 1.773.733 (+1,2%)
Recife - 1.488.920 (-3,2%)
Goiânia - 1.437.237 (+10,4%).
Metrópoles menores, entorno maior
O Censo também apontou que a cidade com menor população do país não é mais Borá (SP), mas sim Serra da Saudade (MG) e seus 833 moradores.
O IBGE também contou a população de concentrações urbanas, e São Paulo segue também como a líder com 20,6 milhões de pessoas na região metropolitana. A região do Rio de Janeiro vem em seguida, com 11,6 milhões.
Nessas concentrações urbanas (que são classificadas como arranjos populacionais acima de 100 mil habitantes com forte integração da população), moram 124,1 milhões de pessoas.
Uma tendência observada pelo Censo 2022 é que as médias cidades foram as que mais ganharam população a partir de 2010, com redução de ritmo de alta nas capitais e cidades-polo de regiões metropolitanas. "É o fato novo do Censo", diz o presidente do IBGE.
Crescimento desigual
O crescimento populacional ocorreu em todos os estados nesses 12 anos, mas as taxas foram diferentes entre as regiões.
Os números apontam que o Norte deixou de ter a maior taxa de crescimento populacional e passou o posto para o Centro-Oeste, que registrou uma taxa de 1,23% ao ano, mais que o dobro da média nacional.
Na contramão, o Nordeste é a região que menos cresceu e teve alta de apenas 0,24% ao ano. Alagoas foi o estado com menor crescimento do país e ficou quase estável, com aumento de apenas 0,02% ao ano.
Já Roraima teve a maior taxa de crescimento. Parte da explicação disso pode ser explicada pela inédita inclusão do povo yanomami no recenseamento.
Sobre o Censo
Para fazer o Censo, o IBGE levou 10 meses em campo. O orçamento inicial aprovado foi de R$ 2,3 bilhões, mas segundo o presidente do órgão, o atual governo precisou investir R$ 350 milhões para concluir as entrevistas em 2023.
Com o aporte do governo atual, foi possível fazer o recenseamento de mais 16 milhões de pessoas pelo país.
"Dessas, 2 milhões estavam em favelas e iriam ficar fora", diz. O número de moradores de favelas será divulgado posteriormente.
Estamos orgulhosos por esse momento. Ele é histórico e fundamental para todos nós. Existe um IBGE antes e depois do Censo 2022."Cimar Azeredo Pereira, presidente do IBGE."
O Censo começou em 1º de agosto de 2022 e encerrou a coleta em junho de 2023. Ao todo, participaram da coleta de dados 215.915 trabalhadores temporários, entre analistas, supervisores e recenseadores.
Os recenseadores visitaram ao todo 106,8 milhões de endereços, com uma taxa de não-resposta de 4,23%. Nesse quesito, São Paulo se destacou pela média bem acima do restante dos estados: 8,1% dos paulistas não responderam.
Segundo o IBGE, 1 milhão de domicílios se recusaram a responder o Censo.
Quando uma pessoa não responde ao Censo, ou o entrevistador não consegue localizar um morador, o IBGE faz uma inferência para calcular de acordo com médias recenseadas no local.
No Censo 2022, o IBGE informou que 195 milhões de pessoas foram recenseadas e 7,9 milhões foram imputadas (calculadas por método científico).
Dos domicílios visitados, o IBGE encontrou 18 milhões desocupados ou ocupados ocasionalmente (caso de imóveis usados para veraneio ou aluguel temporário, por exemplo). Em comparação a 2010, a alta foi de 87%. (Fonte:Uol)