A diretoria da CBF entende que houve falhas no trabalho da técnica da seleção feminina, Pia Sundhage, na campanha na Copa do Mundo feminina. A avaliação negativa da treinadora sueca coloca em xeque sua permanência no time brasileiro. O futuro dela será decidido assim que retornar da Suécia.
O Brasil foi eliminado na primeira fase da Copa em um grupo com França, Panamá e Jamaica. O empate no último jogo diante do time caribenho selou a queda.
Depois da Copa, Pia mandou uma mensagem para o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, em que disse que gostaria de ficar na seleção. O texto tinha algumas metáforas, dizia que vitória e derrota estão próximas e falava da intenção de seguir até a Olimpíada de Paris — o contrato dela termina em agosto de 2024.
O texto foi enviado da Suécia, para onde Pia foi após a eliminação no Mundial. Ela deixou a delegação, junto com parte de sua comissão técnica, sem conversar com a CBF antes das jogadoras. Não houve nenhum aviso à diretoria da confederação sobre a viagem, nem aviso de quando ela pretende retornar ao Brasil.
Enquanto espera sua volta, Ednaldo Rodrigues analisou e constatou falhas no trabalho de Pia. A técnica sueca, por sinal, foi uma contratação da gestão anterior da CBF, de Rogério Caboclo, assim como ocorreu com Tite na seleção masculina.
A diretoria da CBF entende que havia um afastamento entre a supervisão da seleção e Pia, que tomava decisões só ouvindo sua comissão técnica. Na visão da confederação, é um problema não ter havido um debate mais ampliado sobre as decisões táticas e técnicas pois não havia um interlocutor. A supervisão da seleção feminina, ocupada por Ana Lorena Marche, também está sob avaliação.
Uma falha observada pela CBF é que o departamento de seleções só pediu orçamento para observar adversários mais fortes da Copa, como França e possíveis rivais nas oitavas. Não foi mandado observador para analisar Jamaica, nem Panamá, adversários da fase de grupos. A conclusão é de que a técnica dava sua classificação como garantida, o que não ocorreu.
No último jogo, diante do time caribenho, dirigentes da CBF entendem que a técnica demorou muito para fazer substituições e alterações táticas na equipe quanto claramente havia dificuldades de superar a defesa fechada. Andressa Ales, Duda Sampaio e Geyse entraram aos 35 minutos do segundo tempo. A única troca anterior havia sido com Bia Zaneratto.
Há ainda na CBF uma percepção de dificuldade de comunicação de Pia com as jogadoras porque ela não aprendeu português. Na visão da confederação, é um problema a treinadora não ter aprendido o idioma até agora.